O Conselho Federal de Economia (COFECON) manifesta sua preocupação com o impacto negativo que a crise política vem causando à economia do país, impedindo que soluções sejam alcançadas para mudança da trajetória econômica atual, marcada pelo descontrole dos níveis de preços, aumento das incertezas, queda da atividade produtiva e aumento do desemprego.
Se por um lado o Executivo vem praticando ações de forma contraditória e errática, tornando mais aguda a crise econômica, o Legislativo, por sua vez, ao encaminhar propostas de pautas dissonantes à agenda de enfrentamento da crise patrocinada pelo governo, em nada está contribuindo para superação dessa crise.
Ao longo do ano de 2015 as ações do governo federal, com o objetivo de promover um ajuste nas contas públicas a fim de corrigir equívocos anteriores, como a promoção de desonerações exageradas, entre outros erros, levaram o país a uma recessão econômica. Tal situação provocou a redução da arrecadação, num movimento contraditório, principalmente num momento em que era necessário aumentar a receita governamental. Potencializando a questão, o governo promoveu um ciclo de aumento da taxa de juros (SELIC), que acabou por impactar significativamente o resultado das contas públicas e elevar a dívida pública interna, num momento em que se tornava necessária a redução da relação dívida/PIB e o aumento da sua capacidade de investimento. A contradição reside no fato de que essa atitude levou justamente a uma situação inversa à necessária.
O COFECON entende que a retomada do crescimento da economia somente se dará a partir da mudança da atual matriz econômica, de modo que ocorra a redução sustentada da taxa de juros para patamares que permitam o aumento dos investimentos do setor privado, o estímulo ao consumo das famílias, a diminuição do montante pago como serviços e juros da dívida pública e, como consequência, o aumento da capacidade de investimento do próprio setor público.
Resta claro que a inflação atual não tem como causa pressões de demanda, tornando inócuo seu combate pela via do aumento de juros. Assim, uma Política Monetária que visa quase que exclusivamente a restrição da demanda efetiva da economia acaba tendo como efeito final a queda da atividade econômica e o aumento do desemprego. Mais importante no atual cenário passa a ser o estímulo à atividade econômica, a geração de emprego, a diminuição da ociosidade no setor produtivo e o aumento dos investimentos capazes de permitir a ampliação da oferta agregada e a retomada do crescimento econômico.
Sem embargo, às vésperas do início do ano legislativo, espera-se que lideranças parlamentares deixem de apostar no quanto pior a economia, melhor para atender seus interesses pessoais e políticos. Nesse sentido, o Conselho Federal de Economia se posiciona contrário a qualquer tentativa de subversão do Estado Democrático de Direito.
Portanto, a sociedade brasileira aguarda que seus representantes, tanto no Executivo quanto no Legislativo, promovam um debate responsável para superação da crise, procurando soluções que atendam efetivamente os interesses do país.