O Produto Interno Bruto (PIB) de um país é um indicador relevante de avaliação de sua economia. Seu crescimento é indício de melhoria da renda, embora para uma avaliação qualitativa seja necessário utilizar também indicadores de natureza social e ambiental.
A partir de 1930, o Brasil teve o seu take off industrial e o início da integração entre suas regiões. A taxa de crescimento médio do PIB real entre 1930 e 1980 foi de 7% ao ano (aa). Neste período, cinco ações de longo prazo nortearam a economia: 1) estratégias de substituição de importações; 2) consolidação da indústria de bens de consumo; 3) integração inter-regional; 4) planos de ações (SALTE, METAS, PED, PNDs) e 5) implantações de instituições (IBGE, BNB, BNDES, etc.).
Entre 1980 e 1990, o Brasil conviveu com crises da dívida externa e inflação, seguida de planos econômicos de curto prazo sem eficácia no combate inflacionário, resultando no baixo crescimento do PIB, que ficou em 2% aa.
Na década de 1990, o PIB manteve-se em 2% aa., tendo o Brasil se globalizado via choques de oferta: abertura externa e tecnologia. Com a flexibilidade econômica e o insucesso na baixa de preços via Plano Collor, foi domada a inflação com o Plano Real. Nestes anos, o PIB se pautou nas crises financeiras que abateram os países emergentes, levando o Brasil a adotar, em 1999, o tripé da política econômica que perdura até hoje: câmbio flexível, superávit primário e metas de inflação.
Entre 2000 e 2011, o PIB acusou uma alta de 4% aa, como resultante do stop and go das taxas auais. Nos EUA, os anos de 2000 foram marcados pelo boom da “nova economia” e os altos índices Nasdaq, seguidos do impulso imobiliário com altas taxas do índice Case Schilere, e a partir de 2007, da crise dos subprimes. O Brasil não se aproveitou da alta liquidez externa e se manteve com baixo crescimento, tendo em vista o foco no curto prazo através das políticas assistencialistas e das altas taxas de juros sob a âncora das metas inflacionárias.
Diante do exposto, percebe-se que até 1980, o Brasil tinha uma economia focada no longo prazo. De lá para cá, porém, prevaleceu-se as políticas de curto prazo, mesmo diante do choque tecnológico e do mergulho no liberalismo de mercado das décadas de 1990 e 2000. Esta breve reflexão alerta para a reversão de prioridades, tal que se pense o Brasil mais no longo prazo do que no curto prazo.
* Graduado em Economia (UERJ), Mestre em Economia (UFBA), Doutor em Administração de Empresas (EAESP/FGV), Professor Associado da UFBA, Coordenador do Curso de Mestrado em Economia (UFBA) e Conselheiro do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA).