A Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 é muito mais que um evento desportivo passageiro. O seu impacto na economia do país deverá ser expressivo e duradouro. Estima-se que a sua realização resulte num aumento de 1% na taxa de crescimento do PIB brasileiro. Investimentos em infraestrutura estimados em mais de R$ 100 bilhões servirão de estímulo à expansão de novas atividades produtivas, proporcionando a criação de empregos e a geração de renda, particularmente nas 12 cidades sedes dos jogos e no seu entorno, a exemplo da Região Metropolitana de Salvador, capital da Bahia. Setores como os da construção civil, do turismo, dos transportes e da prestação de serviços, a exemplo do comércio, da área de saúde, qualificação de recursos humanos e atividades culturais e de entretenimento vão crescer ainda mais. A imprensa e as mídias em geral também deverão experimentar um novo ciclo de desenvolvimento e galgar novos patamares de desempenho e qualidade. De pronto, serão beneficiados os visitantes que acorrerem às competições e a população local. Esta, porém, continuará usufruindo os benefícios de todo esse processo de renovação no longo prazo. Assim, a Copa do Mundo no Brasil vai proporcionar um conjunto de oportunidades que resultarão em crescimento econômico.
Devido ao perfil da economia regional, alguns setores serão mais beneficiados. Por exemplo, o turismo, que no país como um todo representa aproximadamente 2,5% do PIB. No Nordeste, esta representação atinge 6,5%. Outro setor com grande potencial de crescimento em função da Copa é a Indústria da Construção Civil que, em 2010, representou 9,4% do PIB estadual, contra uma participação de 5,3% no PIB nacional, no mesmo período, segundo dados publicados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Ademais, tendo em vista as tendências de elevação e de melhoria dos padrões de distribuição da renda na Bahia, estes setores apresentam condições de um crescimento sustentável, mesmo após o encerramento da Copa de 2014.
Para além dos números otimistas da construção e do turismo, espera-se que a Competição deixe na Bahia um legado dos mais significativos. Neste contexto, destacam-se quatro grandes empreendimentos: a construção da Arena Fonte Nova; a implantação de um novo modelo de Mobilidade Urbana, baseado na tecnologia metroviária; a modernização e ampliação do Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães; a instalação do Terminal de Cruzeiros Marítimos do porto de Salvador. Paralelamente, grandes investimentos serão realizados pelo governo e empresariado em segurança pública, acessibilidade, tecnologia da informação e comunicações, distribuição de energia, rede hospitalar, saneamento e hotelaria.
GRANDES EVENTOS – Salvador carece de um espaço adequado para a realização de grandes shows. Por esta razão estamos ficando de fora do circuito das últimas temporadas de artistas internacionais no Brasil. Mas o investimento na construção de uma arena, cuja abrangência é bem maior do que apenas um estádio de futebol, contribuirá para atender definitivamente esta carência. Além disso, a área no entorno da nova arena, urbanisticamente decadente, será alvo de grandes melhorias e revitalização.
TURISMO RECEPTIVO – A construção do terminal para cruzeiros marítimos e a modernização da estação de passageiros e ampliação das áreas de estacionamento do Aeroporto também são benfeitorias que se agregarão à nossa infraestrutura turística. Os que chegam por avião ou por via marítima, através dos cruzeiros, são cada vez em maior número. Neste último caso, a quantidade de escalas de transatlânticos no porto de Salvador, cresceu de apenas 30 atracações em 1995, com uma movimentação inferior a 25.000 turistas, para 140 atracações e 280.000 turistas, na última temporada. Cresceu não apenas a quantidade de escalas, mas também o porte dos navios. Esta tendência seria interrompida se não passássemos a contar com uma estrutura adequada para atender a crescente demanda. A solução é implantação do novo Terminal de Cruzeiros Marítimos de Salvador, que está sendo viabilizada através de uma parceria entre a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), o Governo do Estado e a Prefeitura de Salvador.
MOBILIDADE URBANA – O maior e mais esperado de todos os investimentos da Bahia para a Copa relaciona-se à mobilidade urbana. Infelizmente, dentre as grandes capitais brasileiras, somos a que oferece o pior sistema de transporte público. Precisamos urgentemente mudar este cenário e, mais uma vez, a realização dos jogos do Campeonato Mundial torna-se o maior incentivo para acelerar esta mudança.
LEGADO – Como todos brasileiros, queremos ganhar a Copa no campo esportivo, mas queremos também que Salvador e a Bahia, ganhem também com a abertura de oportunidades para a sua população, com a incorporação de novas tecnologias, com a requalificação dos espaços urbanos e com a melhoria da mobilidade e acessibilidade, que se refletem diretamente na qualidade de vida dos cidadãos. Os investimentos voltados para a Copa devem possibilitar a sua realização e trazer retornos econômicos, sociais e culturais. O desenvolvimento é o legado que mais interessa.
* Economista Assessor Especial da Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia (Seplan).