O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, em maio, a seção Economia Agrícola da Carta Conjuntura nº 39. O estudo apresenta dados do primeiro trimestre do ano sobre mercados e preços agropecuários, comércio externo e mercado internacional, nível de atividade e emprego, produção de insumos agrícolas e crédito rural. De acordo com a pesquisa, o primeiro trimestre foi marcado por um movimento de recuperação dos preços nas cotações domésticas dos produtos agropecuários – com exceção do arroz e do café – e da produção de suínos e frangos.
José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, da Divisão de Agricultura da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur/Ipea), afirmou que os principais fatores responsáveis por esse movimento positivo nos preços agrícolas foram a desvalorização da taxa de câmbio e a redução da oferta internacional de alguns produtos importantes, como soja e trigo. Em relação ao produto interno bruto (PIB), o setor agropecuário deve exercer impacto negativo no desempenho de 2018. O Grupo de Conjuntura do Ipea estima uma queda de 1,3% para o PIB agropecuário em 2018 – após forte crescimento de 13%, em 2017. Segundo José Ronaldo de Castro Souza Junior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac/Ipea), esta seção foi preparada com base nos dados disponíveis até a semana passada, por isso, ainda não é possível calcular os impactos econômicos da greve dos caminhoneiros sobre o escoamento da produção e o recebimento de insumos pelo setor. Quanto aos produtos pecuários, Nicole Rennó Castro, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP), explicou que a melhora na demanda interna pelos produtos lácteos e o bom desempenho da exportação da carne bovina foram fatores importantes para explicar a alta de preços. Mercado internacional José Garcia Gasques, coordenador-geral de estudos e análises da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SPA/Mapa), ressaltou que o setor de ovos teve uma grande recuperação dos preços. Além disso, em 2018, a soja e o algodão obtiveram os melhores valores de produção desde 1989. Enquanto isso, o arroz, a cana-de-açúcar, o feijão, a laranja, a mandioca, o milho e a uva tiveram desempenhos desfavoráveis. Já as exportações de máquinas agrícolas foram bastante positivas, tanto comparando o primeiro quadrimestre de 2018 com o do ano passado quanto comparando o primeiro quadrimestre de 2018 com a média do período de 2015-2017. Foi o que salientou Rogério Edivaldo Freitas, técnico de planejamento e pesquisa da Dirur/Ipea. No entanto, fato oposto foi verificado em termos das vendas totais, que foram menores no primeiro quadrimestre de 2018 que na média de iguais períodos de anos anteriores. Crédito Rural Antônio Luiz Moraes, coordenador-geral de Crédito Rural da SPA/Mapa, assinalou que o valor médio dos contratos aumentou 13% e que há uma tendência de concentração dos recursos. Segundo dados do estudo, essa tendência de concentração está amparada no aumento da participação dos recursos livres no funding do crédito rural, já que esses recursos não impõem limite de financiamento por beneficiário. Antônio Moraes lembrou ainda que o Plano Safra 2018/2019 deve ser anunciado pelo Governo Federal a partir de 5 de junho. Segundo ele, trata-se de uma oportunidade para refletir sobre os novos desafios e o papel do Estado no crédito rural. Clique aqui e confira a seção completa no blog da Carta de Conjuntura |