O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,25% em agosto, após alta de 0,01% em julho, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto do ano passado, o índice avançou 0,24%.
Com o resultado do mês, o IPCA acumula alta de 4,02% em 2014. Em igual período do ano passado, o indicador tinha subido 3,43%. Nos 12 meses encerrados em agosto, a inflação medida pelo IPCA atinge 6,51%, ligeiramente acima do teto da meta do governo para todo o ano de 2014, que é de 6,50%.
O indicador oficial de inflação ficou em linha com a média apurada pelo Valor Data junto a 16 consultorias e instituições financeiras, de variação de 0,25% em agosto. O intervalo das estimativas variou de 0,20% a 0,27%.
O IPCA apura a inflação para as famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte. A pesquisa abrange 13 localidades, 11 delas regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba, Belém, Brasília e Vitória – além das cidades de Goiânia e de Campo Grande.
Energia elétrica
De acordo com o IBGE, a inflação no mês de agosto ficou marcada pelo aumento nos preços de energia elétrica residencial e passagens aéreas.
A tarifa de energia elétrica residencial subiu 1,76% em agosto, depois de avançar 4,52% no mês anterior. De janeiro a agosto, a energia elétrica já subiu 11,66%.
Problemas no setor elétrico têm contribuído para reajustes “relativamente altos” nas tarifas de energia, afirmou a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. “Um dos itens que mais têm pressionado a inflação é a energia elétrica, ao contrário de 2013 quando o item contribuiu para segurar a inflação. Naquele ano, foram feitas várias revisões, que deixaram a energia mais barata. Em 2014, com os problemas do setor, os reajustes têm sido relativamente altos e as contas ficaram mais salgadas para o consumidor.”
Nesse quadro, os aumentos da energia elétrica mais expressivos captados pelo IPCA em agosto foram de 24,28% em Belém e de 9,88% em Vitória. A conta subiu ainda em São Paulo, Goiânia, Campo Grande e Brasília, cidades que também aplicaram reajustes nas tarifas.
O impacto desses aumentos se refletiu no grupo Habitação, que teve a elevação mais acentuada do mês entre as classes de despesas componentes do IPCA, de 0,94%. Também pesou a variação da taxa de água e esgoto, que subiu 1,46% após reajustes no Rio de Janeiro, Vitória e Fortaleza, além do menor efeito do Programa de Incentivo à Redução de Consumo de Água em São Paulo. A ação, que visa incentivar a economia em meio à maior seca dos últimos anos, fornece um bônus de 30% de redução nas contas de água e esgoto aos usuários que reduzirem em pelo menos 20% o consumo mensal.
Passagens aéreas
Entre julho e agosto, o grupo Transportes passou de deflação de 0,98% para alta de 0,33%. Parte dessa aceleração é atribuída às passagens aéreas, que tiveram alta de 10,16% em agosto, após queda de 26,86% no mês anterior.
“Passagens aéreas não foram o único item a pressionar o grupo. Os preços de gasolina e etanol contribuíram para essa alta de transportes”, acrescentou a especialista do IBGE.
O IBGE apurou que os preços da gasolina subiram 0,30% em agosto, após queda de 0,80% no mês anterior. Já o etanol, que tinha caído 1,55% em julho, voltou a ter o preço reduzido em agosto, mas a queda foi menos intensa, de 0,07%.
Já o automóvel novo teve alta de 0,22% em agosto, depois de ficar 0,29% mais barato em julho.
Alimentos
Por outro lado, os alimentos ajudaram a conter a inflação. Em agosto, os preços de alimentação e bebidas caíram 0,15%, a mesma variação verificada pelo IBGE no mês anterior.
“Pode-se dizer que a queda nos preços dos alimentos foi generalizada, porque os alimentos mais importantes da cesta de consumo dos brasileiros ficaram mais baratos”, disse Eulina. “A safra brasileira é muito boa e os dados de colheita ao redor do mundo estão também muito bons. Os preços dos alimentos no mundo inteiro estão caindo”, acrescentou.
Entre julho e agosto, o IBGE apurou que as maiores quedas de alimentos foram de batata-inglesa (-17,87%), feijão-mulatinho (-11,68%), açaí (-9,55%), tomate (-5,80%) e hortaliças (-5,39%).
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,18% em agosto, depois da alta de 0,13% em julho. Em agosto de 2013, o indicador teve alta de 0,16%. No acumulado do ano até agosto, o INPC subiu 4,11%, acima da taxa de 3,33% relativa a igual período do ano passado.
No acumulado em 12 meses até agosto, o indicador teve alta de 6,35%, indicando avanço em relação aos 12 meses anteriores, quando ficou em 6,33%.
O INPC se refere às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos que vivem nas mesmas regiões metropolitanas e capitais pesquisadas no IPCA.