O Boletim Especial Mulheres, que utiliza a base de dados da PED-RMS, executada pela SEI, em parceria com o Dieese, a Setre-BA e a Fundação Seade do Estado de São Paulo, com apoio do MTE/FAT, aponta que a taxa de desemprego entre as mulheres teve pequena elevação, mas, ainda assim, chegou ao segundo menor patamar da série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador (PED-RMS), idêntica à observada em 2010, e maior apenas à de 2014. O rendimento médio real no trabalho principal permaneceu relativamente estável para as mulheres, ao contrário do que ocorreu com os homens, cujo rendimento auferido declinou. Esses movimentos promoveram pequena redução na histórica diferença entre os rendimentos de homens e mulheres, inclusive, chegando a menor desigualdade entre esses rendimentos observada na pesquisa.
Em 2015, a ocupação reduziu 2,9% em razão do fechamento de 45 mil posições de trabalho. Como a População Economicamente Ativa diminuiu em 25 mil pessoas, o contingente de desempregados cresceu apenas em 20 mil, elevando com isso a taxa de desemprego total de 17,4% para 18,7%. Conforme informações da PED-RMS, a redução da ocupação penalizou mais aos homens (perderam 26 mil postos) que às mulheres (-19 mil), embora o número de mulheres na força de trabalho tenha diminuído mais intensamente (-19 mil) que o de homens (-6 mil).
Influenciado pela redução da PEA em volume semelhante ao decréscimo da ocupação, o contingente de mulheres desempregadas ficou relativamente estabilizado (declinou 0,6% ou 1 mil pessoas). Já, entre os homens, a redução do contingente ocupado foi mais elevada que o decréscimo deles no mercado de trabalho. Isso levou ao aumento do contingente desempregado em 21 mil pessoas, elevando as proporções de homens não negros, chefes de família e daqueles com 25 anos e mais de idade entre os desempregados. Esses movimentos representaram pequenas mudanças na distribuição de homens e de mulheres no mercado de trabalho, melhorando relativamente a inserção feminina. A sobre representação das mulheres entre os desempregados, sempre significativa, decresceu entre 2014 e 2015, passando de 55,6% para 52,3%. Houve um tímido aumento na proporção de mulheres na população ocupada – de 46,4% para 46,6%; e uma também pequena redução na sua participação no mercado de trabalho, que passou de 48,0% para 47,6%.
O declínio no número de mulheres no mercado de trabalho em 2015 implicou em diminuição de 2,1 p.p na sua taxa de participação – indicador que estabelece a proporção de pessoas com dez anos de idade ou mais presentes no mercado de trabalho, como ocupadas ou desempregadas. Enquanto a dos homens, que anteriormente já era bastante superior, reduziu 1,5 p.p. A taxa de participação feminina passou de 51,8% da População em Idade Ativa (PIA), em 2014, para, 49,7% em 2015. Esse decréscimo da participação feminina no mercado de trabalho foi particularmente intenso entre as mulheres negras (redução de 4,4%), com 60 anos ou mais de idade (-12,1%) e cônjuges (-5,2%). Entre os homens, a taxa de participação diminuiu de 66,9% da PIA masculina para 65,4% .
A redução da PEA e a relativa estabilidade do contingente desempregado feminino elevaram levemente a sua taxa de desemprego, diferentemente do que ocorreu com a taxa de desemprego dos homens. No ano de 2015, enquanto que a taxa de desemprego masculina se alterou fortemente, ao passar de 14,9% para 17,0%, a taxa de desemprego feminina oscilou pouco, ao passar de 20,2% para 20,5%. Com esses resultados, a distância existente entre as taxas de desemprego de homens e de mulheres, apesar de ainda significativa, diminuiu: a taxa de desemprego feminina era 35,6% maior que a masculina, em 2014; em 2015 essa diferença passou a 20,6%.
Ocupação feminina diminui após cinco anos consecutivos de crescimento.
No ano de 2015 houve redução de 19 mil postos de trabalho para as mulheres, com impacto sobre aquelas mais jovens, em faixas etárias de até 40 anos de idade, e para as menos escolarizadas, com nível de instrução menor ou igual ao fundamental completo. Em termos setoriais, esse resultado derivou de reduções no número de postos de trabalho no setor de Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas de 9,4% para as mulheres e estabilidade para os homens; no setor de Serviços registrou-se pequena variação negativa de 0,6% para o contingente feminino, para os homens o crescimento foi mais significativo, 2,7%. Na Indústria de Transformação houve ampliação da ocupação feminina, e na Construção a amostra não comportou a desagregação.
O comportamento da ocupação feminina modificou levemente a sua estrutura ocupacional setorial entre os anos de 2014 e 2015. Verificou-se aumento da importância dos setores de Serviços e Indústria de Transformação e uma perda importante de expressão no Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas.
Em relação às formas de inserção no mercado de trabalho, a relativa estabilidade no nível ocupacional feminino, em 2015, derivou da também relativa estabilidade verificada no setor privado que compensou, em termos absolutos, o declínio no setor público. A estabilidade no setor privado ocorreu devido ao aumento do assalariamento com carteira de trabalho assinada (1,9%), já que houve decréscimo no contingente sem carteira assinada (-7,3%). Os homens, por sua vez, tiveram acréscimo na ocupação no setor público no percentual de 6,1%, e declínio no setor privado de 5,7%, refletindo a redução ocorrida tanto entre os com carteira assinada (-4,4%) quanto os sem carteira assinada (-12,9%).
Dentre as demais modalidades de inserção ocupacional por posição, houve redução do trabalho autônomo para o contingente feminino (-11,9%), e estabilidade no masculino. Nos serviços domésticos, setor que representa 16,2% de toda ocupação feminina, constatou-se decréscimo de 7,4% no número de mulheres ocupadas, sendo 5,1% entre as mensalistas e 13,0% entre as diaristas. Cabe destacar que os movimentos observados no ano de 2015, embora não tenham gerado crescimento da ocupação geral, provocaram melhorias na inserção das mulheres, na medida em que aumentou a importância do emprego assalariado no setor privado (de 44,2% para 46,3%) e, mesmo em pequena intensidade, a do setor público (de 11,1% para 11,3%). Enquanto a ocupação formal no setor privado alcançou sua maior participação na ocupação feminina (46,3%), desde 1998, o assalariamento sem carteira (7,1%) e o trabalho autônomo (14,9%) atingiram suas menores representações.
Rendimento médio real das mulheres ocupadas permaneceu estável, enquanto o dos homens declinou.
No período 2014-2015, o rendimento médio real no trabalho principal ficou relativamente estável para as mulheres ocupadas (+0,3%) e reduziu para os homens (-4,6%). O valor recebido pelas mulheres passou de R$ 1.172 para R$ 1.175 e o dos homens, de R$ 1.567 para R$ 1.495. Ressalte-se que esse é o terceiro maior valor real auferido pelas mulheres na série anual da PED, menor apenas que os auferidos em 2009 e 2010.
Considerando que as jornadas médias semanais são diferenciadas de acordo com a condição de gênero, onde as mulheres trabalharam em 2015, em média, 38 horas semanais frente às 42 horas trabalhadas pelos homens, cabe analisar o rendimento/hora, como forma de eliminar as diferenças causadas por essa diferença de jornada. Em 2015, o rendimento médio real por hora recebido pelas mulheres foi de R$ 7,22, praticamente o mesmo valor auferido em 2014, R$ 7,21.No mesmo período, o rendimento/hora dos homens reduziu de R$ 8,51 para R$ 8,32 (Tabela 3). No histórico da desigualdade de rendimentos entre os sexos, a distância entre os vencimentos das mulheres em relação aos dos homens reduziu-se ao passar de 84,7% em 2014 para 86,8% em 2015, sendo esta a menor diferença entre os rendimentos de homens e de mulheres observada na série histórica da pesquisa.
O rendimento médio auferido pelas mulheres foi inferior ao dos homens em todas estatísticas comparáveis. Em relação à posição na ocupação, a maior desigualdade de rendimentos mensais, em 2015, foi observada entre Autônomos, com as mulheres recebendo apenas 64,7% do rendimento masculino. Ainda assim, esse percentual foi superior ao observado em 2014 (58,8%), haja vista as trabalhadoras autônomas terem obtidos ganhos de rendimentos de 4,8% em contrapartida a redução de igual intensidade no rendimento dos homens autônomos. Por outro lado, a proporção auferida pelas mulheres em relação aos homens é menos desigual no assalariamento, cujo rendimento feminino, em 2015, correspondeu a 89,7% do rendimento masculino. Entre os assalariados, a desigualdade foi praticamente a mesma no Setor Público (as mulheres receberam 84,6% do rendimento dos homens) e no Setor Privado (84,4%). No setor privado a diferença foi mais elevada entre os sem carteira de trabalho assinada (82,4%) que entre os com carteira assinada (85,8%).
Entre 2014 e 2015, a distância entre o rendimento de homens e de mulheres reduziu em todas as posições: autônomos (de 58,8% para 64,7%) e entre assalariados (de 87,5% para 89,7%). No que tange ao assalariamento, a diferença encurtou mais no setor público (de 81,4% para 84,6%). No setor privado o hiato reduziu tanto entre os com carteira assinada (de 83,6% para 85,8%) quanto os que não tinham carteira de trabalho assinada pelo empregador (de 80,9% para 82,4% ). Em relação aos setores de atividade econômica, a desigualdade foi maior na Indústria de Transformação, seguida dos Serviços e menor proporção no Comércio. No período em análise, em virtude das reduções de rendimento na Indústria de Transformação e no Comércio terem sido menor para as mulheres que para os homens, as distâncias de rendimentos de homens e de mulheres diminuíram nesses dois setores de 75,6% para 77,9% e de 90,7% para 94,4%, respectivamente. Já, no setor de Serviços, como os declínios observados nos rendimentos de ambos os sexos foram muito aproximados, a diferença entre esses rendimentos pouco se alterou, ficando em 84,5%, em 2015.