O ritmo de queda nas vendas do varejo baiano foi intensificado no mês de dezembro, comparado à igual mês do ano anterior. Com a queda de 14,3%, o setor encerra o ano registrando taxa negativa de 8,1%. Na análise sazonal, a variação foi negativa em 7,2%, sendo a de maior representatividade no cenário nacional. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o varejo nacional registrou queda de 7,1%. Esses dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em âmbito nacional, e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento.
Em dezembro, a queda das vendas na Bahia e o fechamento do ano com taxas negativas revela que o setor sentiu intensamente a retração da atividade econômica em 2015. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) no mês em análise, tanto a confiança empresarial quanto a do consumidor de 4,6% para – 4,5% e 1,3% para -2,0%, respectivamente de novembro para dezembro. Diante da desaceleração do crescimento real da massa de salários, aceleração da inflação, escassez de crédito, elevação da taxa de juros e aumento da incerteza a demanda se retrai, pois os agentes econômicos estão cada vez mais temerosos em realizar gastos, comprometendo, assim, as vendas do setor. Na falta de uma sinalização positiva de mudança no cenário econômico, as pessoas estão mais cautelosas em comprometerem a sua renda.
DESEMPENHO DO VAREJO POR RAMO DE ATIVIDADE – Os dados do comércio varejista do estado da Bahia, quando comparados a dezembro de 2014, revelam que sete dos oito segmentos que compõem o Indicador do Volume de Vendas registraram comportamento negativo. Listados pelo grau de magnitude das taxas em ordem decrescente, têm-se: Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-25,3%); Combustíveis e lubrificantes (-21,5%); Tecidos, vestuário e calçados (-18,6%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-16,2%); Móveis e eletrodomésticos (-15,3%); Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-11,1%); e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,0%). Por outro lado, registrou comportamento positivo o segmento Livros, jornais, revistas e papelaria (40,9%), mas esse não possui um peso elevado para a composição das vendas no setor. No que diz respeito aos subgrupos, verifica-se que o de móveis e eletrodomésticos apresentou variações negativas de 11,3% e 17,1%, respectivamente, e Hipermercados e supermercados queda de 9,9%.
Quanto aos segmentos que mais influenciaram o comportamento negativo das vendas na Bahia, têm-se: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; Combustíveis e lubrificante; Tecidos, vestuário e calçados, e Móveis e eletrodomésticos. Esses quatro setores juntos respondem por mais de 90% do resultado global para o varejo.
Em dezembro, o segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo segmento de expressiva relevância para o Indicador de Volume de Vendas do Comércio Varejista foi responsável pela maior influência negativa na formação da taxa do varejo. Em razão desses fatores, o consumidor embora não deixe de realizar suas compras, passam a gastar de forma mais moderada.
O segmento de Combustíveis e lubrificantes exerceu, na Bahia, o segundo maior peso para a queda verificada nas vendas. Esse comportamento continua sendo atribuído a alguns fatores como a elevação dos preços dos combustíveis no acumulado dos últimos 12 meses acima da inflação média e ao menor ritmo da atividade econômica. Apesar de o segmento comercializar um produto em que o consumidor é pouco sensível a variação dos preços, esse comportamento revela que o consumidor está buscando utilizar o veículo de forma mais consciente.
O terceiro a contribuir negativamente para o comportamento das vendas na Bahia foi Tecidos, vestuário e calçados. A influência da redução da massa real dos rendimentos, levando as pessoas a reduzirem o seu ímpeto de consumo é a principal justificativa. A partir de então, elas passam a ponderar mais sobre suas reais necessidades de adquirir produtos comercializados pelo setor, como roupas, tecidos e calçados.
O quarto a contribuir negativamente para o comportamento das vendas na Bahia foi Móveis e eletrodomésticos. Esse comportamento reflete não somente a queda na renda disponível, a seletividade do crédito, mas também ao aumento das taxas de juros. Além da retirada dos incentivos através da redução do IPI para diversos itens do segmento, especialmente, a “linha branca” e móveis. Quando observado o comportamento do segmento nos meses anteriores, constata-se que desde dezembro de 2014, o volume de vendas para a atividade vem sendo negativo.
VAREJO AMPLIADO – O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e mais as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, registrou, em dezembro, decréscimo mais intenso nas vendas (15,0%), em relação a igual mês do ano anterior. No ano, a retração no volume de negócios foi de 9,3%.
O segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou variação negativa de 20,1%, em relação a igual mês do ano anterior. Esse desempenho continua refletindo o crédito mais seletivo por parte das financeiras, o menor ritmo da atividade econômica, além do comprometimento da renda familiar, diante da desaceleração do crescimento real da massa de salários. Em relação ao segmento Material de Construção, também se observa queda nas vendas no mês de dezembro (1,7%), quando comparado ao mesmo mês do ano de 2014. Entretanto, em função da proximidade das festas de fim de ano, onde muitos consumidores resolvem realizar benfeitorias nos imóveis, houve uma amenização no ritmo de queda nas vendas do ramo.