As perspectivas para o cenário econômico nacional no ano de 2018 foram revisadas pelos agentes econômicos. A previsão do PIB para o Brasil era de aumento de 2,8% para 2018, segundo o Boletim Focus, divulgado em 16 de março deste ano. Essa previsão estava associada a um ritmo mais intenso do nível de atividade, do consumo das famílias e do governo e dos investimentos. No entanto, diante do baixo dinamismo da atividade econômica e das incertezas tanto em relação ao cenário global como doméstico, as expectativas do mercado reduziram as previsões da taxa de crescimento do PIB para 2,4%, de acordo com o Boletim Focus, divulgado em 25 de março do ano corrente.
As previsões são de crescimento do PIB mundial em 2018 e 2019, com taxa de 3,9%, segundo projeção do último relatório do FMI em abril de 2018. Desde março, o cenário internacional se tornou mais desafiador e tem apresentado volatilidade apesar das previsões positivas para a economia mundial. Houve elevação dos juros americanos (aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para um intervalo entre 1,5 e 1,75%, em março), o dólar se valorizou e o preço do petróleo subiu. O ambiente externo se tornou incerto para as economias emergentes, em especial, para o Brasil. Concomitantemente, o agravamento da crise mundial afetou sobremaneira a economia da Argentina, que atravessa forte enfraquecimento da sua moeda. Essa conjuntura externa poderá ter impacto inflacionário e contracionista na economia nacional, piorando a situação das contas públicas, que já não era favorável.
No cenário doméstico, o primeiro trimestre de 2018 manteve o IPCA em patamares baixos, dentro da meta de inflação, o IPCA registrou 2,68% a.a. em doze meses até março e a taxa SELIC foi reduzida para 6,5% a.a. na reunião do Copom de 21 de março. Por outro lado, outros indicadores de atividade econômica apresentaram crescimento abaixo das expectativas. A produção industrial registrou aumento de 3,1% no primeiro trimestre deste ano, taxa inferior à taxa de 4,9% observada no quarto trimestre de 2017, indicando perda de ritmo no crescimento da produção. No mercado de trabalho, a taxa de desemprego elevou-se de 11,8% no último trimestre de 2017 para 13,1% no primeiro trimestre de 2018, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE.
Para a economia baiana, as previsões para o crescimento do PIB foram estimadas em 2,5% ao ano, de acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018. Esse acréscimo na atividade econômica refletia principalmente as estimativas positivas para a Agropecuária e o ritmo mais forte da atividade Industrial, que contribuiria para o aumento da demanda do setor de Serviços.
Entretanto, os resultados dos principais indicadores para os primeiros meses de 2018 evidenciaram um ritmo bem mais lento do crescimento do que o esperado. As primeiras estimativas das principais culturas da safra agrícola baiana para 2018 mostraram estabilidade em relação à safra do ano anterior, de acordo com o Levantamento Sistemático de Produção Agrícola, com quedas em culturas importantes da safra baiana: soja (-0,9%) e milho (-3,4%). O setor da Indústria de transformação também apresentou um crescimento lento, registrando taxa de 0,9% no primeiro trimestre do ano, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal. As dificuldades da economia argentina também podem trazer prejuízos para o setor industrial e para as exportações baianas. No âmbito dos Serviços, o volume de vendas do comércio varejista restrito, que havia avançado 2,7% no quarto trimestre de 2017, registrou queda de 0,6% no primeiro trimestre de 2018. Ao mesmo tempo em que o volume das atividades de serviços empresariais não financeiros manteve taxas negativas entre o quarto trimestre de 2017 e o primeiro trimestre desse ano, de -2,3% para -6,2%.
Tendo em vista o forte crescimento da atividade Agropecuária baiana em 2017, a contribuição do setor deverá se manter positiva, mas com taxa bem menos expressiva do que anteriormente estimada. A Indústria apresentará resultados positivos, condicionada à reduzida capacidade ociosa, aos baixos estoques, a demanda interna aquecida e aos juros mais baixos. Mas deve-se observar que importantes atividades industriais, como construção, refino de petróleo e petroquímica atravessam graves dificuldades, que devem impedir o alcance de taxas mais elevadas no setor no decorrer deste ano.
As perspectivas para os setores de Serviços e Comércio estão pautadas pela retomada da produção industrial, associadas à manutenção da inflação dentro da meta e de taxa de juros mais baixa. Há expectativas de que a retração na taxa de juros e a redução no custo do crédito favoreçam ao financiamento para aquisição de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, mas esse aumento do consumo tende a atingir um limite.
O aumento da ocupação pode proporcionar ganhos reais de massa salarial impulsionando o consumo. Mas a retomada lenta do mercado de trabalho observada no primeiro trimestre contribuiu para um avanço menos significativo da atividade econômica. O mercado de trabalho formal acumulou saldo de 13.557 postos de trabalho entre janeiro e abril de 2018, mas deve-se ressaltar a significativa queda no setor de Comércio, com perda de 3.523 postos de trabalho. Já a taxa de desocupação divulgada pelo IBGE avançou de 15,0% para 17,9%, entre o quarto trimestre de 2017 e o primeiro trimestre de 2018, a segunda maior taxa da série histórica iniciada em 2012. Enquanto a população ocupada registrou acréscimo de 1,0% no quarto trimestre de 2017, e no trimestre seguinte observou-se queda de 0,4%. A pesquisa também mostra a desaceleração da massa de rendimentos reais que registrou expansão de 13,9% no quarto trimestre de 2017, e no trimestre seguinte o crescimento foi de apenas 3,8%.
Mais recentemente, a greve dos caminhoneiros autônomos contra a política de reajustes do óleo diesel e o conseqüente desabastecimento dos diversos setores de atividade econômica nas cidades brasileiras devem desencadear impactos severos na atividade econômica do país e das regiões subnacionais no segundo trimestre do ano.
Diante desse cenário para a economia baiana, as previsões de crescimento podem ser ajustadas para o intervalo entre 1,9% e 2,2%.