Pátios cheios, metas a serem batidas e promoções à vista para quem deseja tirar do papel o plano de comprar um carro. Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia, Gustavo Pessoti, as condições nunca foram tão boas para comprar um veículo. “Os preços estão em queda e as concessionárias estão fazendo disputa de mercado e quem ganha com isto é o consumidor”, avalia.
Gustavo comprou há 20 dias atrás um Space Fox. Quando chegou na loja, o carro que queria estava sendo vendido a R$ 50 mil. Depois de muita conversa e barganha, o economista saiu da concessionária com R$ 8 mil de desconto no valor total do carro mais emplacamento grátis. “O veículo saiu por R$ 42 mil. Eles estão realmente desperados. O momento é mesmo muito favorável”, reforça.
De acordo com os últimos números divulgados pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de autoveículos dos cinco primeiros meses do ano mostra declínio de 13,3%. Foram 1,35 milhão de unidades fabricadas neste ano contra 1,56 milhão no mesmo período de 2013. No mês de maio, 282,5 mil veículos deixaram as linhas de montagem, queda de 18% no comparativo com maio do ano passado, que registrou venda de 344,5 mil.
Diante desse cenário, uma boa negociação vai fazer a diferença. “O poder está nas mãos do consumidor. O momento de fato é muito bom, os estoques de carros estão muito elevados, com a queda das vendas do primeiro semestre”, comenta o economista.
A publicitária Camilla Brasil já vem pesquisando há algum tempo se essa é mesmo a hora de transformar seu sonho em uma realidade bem próxima: “Será meu primeiro carro, por isso estou avaliando custo benefício, preço, modelo, valor de revenda, acessórios, taxa de financiamento, dentre outros detalhes. Já fiz vários orçamentos, gastei dias em concessionárias avaliando propostas e sempre saio com a dúvida e fazendo contas sobre qual modelo escolher”.
ESTRATÉGIA
A fraqueza do setor automotivo, com recuo das vendas no mercado doméstico, anúncios de férias coletivas e planos de demissões voluntárias por parte das montadoras, levou o Ministério da Fazenda a prorrogar até dezembro deste ano o desconto parcial no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis. A alíquota passari a ser cobrada em seu valor integral nessa terça.
O segundo semestre é visto com ânimo, como assegura o gerente da Concessionária Ford, Indiana Veículos Iguatemi, Leonardo Ferreira. “O nível de vendas do segundo semestre vai depender muito da flexibilização do crédito e da posição do governo com relação a isso, já que foram fatores determinantes na produção e na venda de veículos. A nossa perspectiva é que as coisas melhorem”.
No mesmo período do ano passado, a loja já havia vendido 2.006 unidades. Este ano, as vendas reduziram quase pela metade, com 1.020 carros comercializados.
Ferreira chama atenção para uma ação alinhada, entre os bancos e o governo, a fim de aquecer as vendas. “Não adianta o governo reduzir o IPI e o banco não liberar o financiamento. As ações precisam ser conjugadas para que o setor possa respirar com tranquilidade e fortalecer o negócio”, avalia ele.
Um Fiesta Rocam Hatch completo, que estava custando R$ 35,990, hoje está saindo R$ 2 mil reais a menos: R$ 33,990. “Muitos modelos estão no pátio, com disponibilidade para entrega imediata”, completa.
A Bremen Costa Azul, concessionária Volkswagen, vai continuar apostando no Up!, modelo lançado pela montadora no inicio do ano. O veículo completo é vendido por R$ 30,990, com taxa de 0,99% se for dividido em até 36 vezes. “A nossa estratégia é investir na venda e divulgação dos lançamentos da montadora”, afirma a gerente da unidade, Amanda Almeida.
DE TUDO
Jairo Sodré, gerente da Cresauto Bonocô, afirma que a concessionária também está aberta para qualquer negócio e garante que quem for conversar sai de carro na mão. “A gente faz o de tudo e tenta fechar com o cliente dentro da loja”, afirma. A unidade está vendendo o Fiat Novo Uno Completo por R$ 31,990 e com IPVA grátis.
A Grande Bahia, concessionária da Chevrolet, aposta na promoção do carro novo com valor de fábrica. “A expectativa é que a gente cresça 20% a mais com relação a primeira quinzena de junho. A promoção é um fôlego novo”, considera a gerente da loja, Regina Pereira. Carros como o Classic completo podem ter até R$ 3.606 de desconto no seu valor total. “O C lassic custa hoje R$ 31,896, com a promoção da Chevrolet, o mesmo carro sai por R$ 27,990”. A promoção vai até o dia 16 de julho.
BARGANHE
O economista Gustavo Pessoti dá algumas dicas para o consumidor negociar o melhor preço antes de correr para a concessionária mais próxima. Primeiro, pesquise. E muito. “A pesquisa é fundamental, não aceite a primeira proposta. Em uma concessionária consegui um desconto de R$ 5 mil, que já achava bom. Andei mais um pouquinho e achei um melhor ainda, de R$ 8 mil. Compare preços, ofertas e condições”.
Em seguida, a barganha é muito importante. “Faça com que o vendedor cubra a diferença dos orçamentos de outras concessionárias que você tem em mãos. Faça um bom uso deste poder de negociar”.
O economista chama a atenção para o cuidado com os financiamentos. “Não caia na armadilha dos juros. Procure dar o máximo de entrada com o mínimo de parcelas. As taxas ainda são muito altas”.
Para Pessoti, o consumidor não deve se dar por satisfeito apenas com um emplacamento grátis ou um item acessório de brinde. “Não se deixe seduzir por isso. Faça questão de um desconto no valor da compra ou de uma efetiva redução na taxa dos juros”, finaliza.
Venda de veículos seminovos registra crescimento
No mercado de vendas de veículos seminovos, no entanto, não houve recuo no volume de negócios, como assegura o sócio da Pinheiro Veículos, Josenaldo Sardinha. “Crescemos 3% acima do esperado, somando um aumento de 8% no volume de vendas”, analisa.
Com menos crédito na praça e com um custo mais alto do zero quilômetro – causada pela taxa do IPI e pela incorporação de novos equipamentos de segurança – a vantagem dos usados sobre os novos tem os tornado mais atrativos ao consumidor.
De acordo com dados da Associação Nacional do Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a indústria fabricou 210 mil carros a menos entre janeiro e junho deste ano em comparação com a produção no mesmo período do ano passado.
“O início de 2014 foi mesmo muito bom. Crescemos uma média de 28%”, conforme avalia o proprietário da Paulos Car e também presidente da Associação dos Revendedores de Veículos da Bahia (Assoveba), Paulo Mascarenhas. “Diante do que vimos, nossas expectativas para o segundo semestre aumentaram. Queremos alcançar, no mínimo, um crescimento no volume de vendas em torno de 10%”.
Segundo Josenaldo Sardinha, outro motivo importante que justifica esta tendência está no equilíbrio da disputa com o carro zero. “A gente sabe que sempre foi mais fácil comprar um carro zero. Porém, hoje já conseguimos taxas muito próximas ao que o banco oferece na venda de um carro novo, com uma entrada de menor valor, e isso, com certeza, vem tornando a disputa mais equilibrada”.
Na verdade, o cliente vem buscando mesmo é um bom negócio. “Hoje, as pessoas fazem uma poupança e juntam um dinheiro para dar uma entrada significativa depois de pesquisarem bastante enquanto procuram as melhores ofertas e condições de pagamento”, acrescenta o empresário, ressaltando o preço como fator determinante na hora da compra de um automóvel.
Para fugir dos juros dos bancos, Josenaldo recomenda que o consumidor dê uma entrada de pelo menos 30% e financie o restante em até 48 meses. “Ou seja, se você tem uma entrada razoável, o seminovo pode ser um excelente negócio, sobretudo por ser um veículo completo e que quase não apresenta deságio com relação à diferença entre a quantia paga e o preço que ele passa a valer assim que sai da concessionária”, finaliza ele.