O setor público não financeiro registrou, em maio, déficit de R$ 11,046 bilhões em suas contas primárias, conceito que exclui receitas e despesas com juros e outros encargos de dívida. Em abril, o resultado primário foi superavitário em R$ 16,896 bilhões.
É o primeiro déficit primário da série história do BC para meses de maio e o maior desde dezembro de 2008, quando o resultado foi negativo em R$ 20,95 bilhões.
Os números foram divulgados pelo Banco Central (BC) e referem-se ao desempenho fiscal de União, Estados, municípios e empresas sob controle dos respectivos governos, excluídos bancos estatais, Petrobras e Eletrobras.
O resultado não surpreende, pois, na sexta-feira, o Tesouro tinha anunciado déficit para o governo central de R$ 10,5 bilhões, o pior resultado da série histórica para meses de maio.
Em maio do ano passado, o setor público consolidado registrou superávit de R$ 5,681 bilhões. Medido em 12 meses, o superávit primário caiu de R$ 92,785 bilhões em abril, para R$ 76,057 bilhões em maio de 2014, passando de 1,87% para 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC.
No acumulado deste calendário, o superávit primário é de R$ 31,481 bilhões, resultado menor que os R$ 46,729 bilhões vistos nos cinco primeiros meses do ano passado.
Para 2014, o governo se comprometeu em entregar um superávit primário de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB. São R$ 80,8 bilhões do governo central, ou 1,55% do PIB e outros 18,2 bilhões de Estados e municípios, o que equivale a 0,35% do PIB.
Na sexta-feira passada, ao apresentar os dados do governo central, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que o fraco resultado do governo central em maio refletiu uma arrecadação de impostos bem menor do que a registrada em outros meses. Ele ressaltou, no entanto, que espera recuperação no restante do ano e que não há motivo para se enxergar uma tendência na queda da receita. Para Augustin, “não faz sentido qualquer prognóstico pessimista”.
No conceito nominal de resultado fiscal, que inclui os gastos com juros, houve déficit de R$ 32,444 bilhões em maio. Em igual período do ano passado, foi registrado déficit de R$ 14,519 bilhões. A conta de juros correspondeu a R$ 21,397 bilhões no mês passado, contra R$ 21,511 bilhões em abril.
No acumulado dos 12 meses terminados em maio de 2014, quando o valor líquido dos juros foi de R$ 249,945 bilhões, houve déficit nominal de R$ 173,887 bilhões, o que representa 3,48% do PIB estimado pelo BC para o período. A situação piorou em relação ao período de 12 meses terminado em abril de 2014, quando o déficit foi de 3,14% do PIB.
No acumulado do ano, por ora, o pagamento de juros somou R$ 101,555 bilhões e o déficit nominal ficou em R$ 70,075 bilhões. Em igual intervalo de 2013, a conta de juros somava R$ 100,466 bilhões e o déficit nominal era de R$ 53,737 bilhões.