A economia brasileira perdeu fôlego ao longo dos três primeiros meses deste ano, destacando a fragilidade da atividade em meio a um cenário de inflação ainda alta e confiança abalada.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) recuou 0,11% em março sobre fevereiro, quando o indicador havia ficado praticamente estável, com leve expansão mensal de 0,02%. Este dado foi revisado, de alta de 0,24%, pelo BC.
Em janeiro, também na comparação mensal, o IBC-Br — espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB) — havia crescido 1,47%.
“A trajetória (do IBC-Br) é inequívoca ao mostrar estagnação da economia, os números não são convincentes. O crescimento do PIB no primeiro trimestre não deve ser mais do que 0,5%”, avaliou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, que vê o PIB crescendo neste ano em torno de 1,6%.
Segundo o IBC-Br, o primeiro trimestre deste ano teve expansão de 0,30% sobre os três últimos meses de 2013. No quarto trimestre passado, o PIB cresceu 0,7% sobre o período anterior, fechando 2013 com crescimento de 2,3%, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado mensal do IBC-BR de março ficou em linha com a expectativas em pesquisa da Reuters, de recuo de 0,10%. Em 12 meses, o avanço foi de 2,11% também em março.
A economia brasileira não consegue mostrar recuperação neste ano, afetada pelo mau desempenho de importantes setores, como o industrial, e pela falta de confiança dos agentes econômicos.
O cenário também inclui vendas no varejo sem força, em meio à inflação elevada e crédito mais caro, vindo da política de aperto monetário adotado pelo BC há um ano e que tirou a Selic da mínima histórica de 7,25% para os atuais 11%.
“Considerando-se outros indicadores coincidentes, continuamos acreditando que o PIB do primeiro trimestre apresentará desaceleração ante o período anterior”, afirmou em nota o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros.
Em março, a produção industrial recuou 0,5% em meio à perda de força dos investimentos, enquanto as vendas no varejo sofreram com os preços altos e caíram 0,5%.
A expectativa de economistas ouvidos pelo BC, via pesquisa Focus, é de que o PIB crescerá apenas 1,69% neste ano, abaixo dos 2,3% vistos em 2013.