A expectativa do governo é que a recuperação da economia brasileira seja gradual ao longo dos próximos anos, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em audiência na Câmara dos Deputados. Um dos fatores mais importantes será a retomada da economia internacional, disse.
Ao comentar quais são os motores da economia brasileira nos próximos anos, disse que será preciso “melhorar o mercado interno” e explicou que há falta de crédito para consumo, mas que não faltam fontes para investimentos. Segundo ele, há crédito disponível para investimento no Brasil, com taxas competitivas.
“Há falta de crédito para consumo, embora o nível de inadimplência tenha caído muito nos últimos anos”, explicou o ministro. Mantega não deu indicações de que o governo vá estimular o aumento do crédito como fez a partir de 2010, quando os bancos públicos receberam recursos do Tesouro Nacional para liberar novos empréstimos.
O ministro reafirmou que a prioridade do investimento é o programa de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. “Esse investimento já está tomando corpo, já está se consolidando”, afirmou.
Mantega lembrou que os países da Europa e mesmo os Estados Unidos estão crescendo menos do que se esperava no início desse ano. “A vida não tem sido fácil para as economias de modo geral”, disse o ministro.
Na visão do governo, desde janeiro, quando os mercados internacionais absorveram a mudança na política monetária dos Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, instalou-se uma “calmaria” nos mercados e o câmbio “voltou para patamares melhores”.
Ele fez questão de apresentar dados que mostram como o país continuou recebendo investimento direto estrangeiro mesmo durante o período de crise econômica mundial, o que é um sinal de confiança no Brasil, segundo a avaliação do ministro.
Mantega voltou a dizer que discorda da avaliação da agência Standard & Poor’s (S&P), que rebaixou a nota brasileira. “A decisão não foi corroborada por outras empresas de rating. A consequência do rebaixamento foi nula em termos de reação do mercado, não teve maior importância”, disse.
O ministro defendeu o modelo de política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, foram as decisões do governo de conceder subsídios e estimular o investimento no período pós-crise que fizeram com que o país pudesse atravessar a crise econômica mundial sem queda no desemprego.
“Não é qualquer modelo [de desenvolvimento] que faz isso. O nível de vida do trabalhador não se deteriorou durante a crise”, afirmou o ministro. “A renda média medida pela Pnad cresce mais do que o próprio PIB, as condições de vida das famílias tem melhorado”, disse.
Mantega fez referências a situações em que o crescimento da economia não se traduz em redução da pobreza e da desigualdade. Ele também citou a melhora nos indicadores sociais como prova dos benefícios da política econômica do governo.