De 2009 para 2010, a economia de Salvador cresceu. Só que a de Fortaleza (CE) cresceu mais. Segundo dados divulgados ontem, pelo IBGE, referentes ao Produto Interno Bruto (PIB) de todos os municípios brasileiros, Salvador perdeu duas posições no ranking nacional, caindo de 8º para 10º lugar. Já entre os municípios do Nordeste, pela primeira vez apareceu em segundo lugar, atrás, justamente, da capital cearense.
Além de Fortaleza, o município de Guarulhos (SP) também ultrapassou Salvador no ranking geral. Guarulhos é também a única cidade entre os dez melhores PIBs que não é capital de estado.
“Uma explicação para Fortaleza ter crescido tanto (17%) no período pode estar no crescimento do turismo. O Ceará, que antes brigava com Pernambuco pela quarta posição no turismo do Brasil (atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia), agora já encostou na Bahia”, explica o economista Gustavo Casseb Pessoti, coordenador de Economia da Unifacs e diretor de Estatística da Superintendência de Estudos Econômicos (SEI).
Ele também cita o crescimento imobiliário da capital cearense no período. Já o crescimento de Guarulhos, ele explica pelo grande movimento no aeroporto. “Guarulhos tem o maior aeroporto do país. Por lá passam diariamente milhares de pessoas, e a oferta de serviços é muito grande. Além disso, é uma cidade muito industrializada”, explica.
O economista Oswaldo Guerra pondera que o PIB apresenta variações normais de um ano para o outro porque se baseia nos preços dos produtos. “Pode acontecer que alguns produtos da Bahia aumentem menos de preço do que os de Fortaleza”, exemplifica. “O forte de Salvador é o serviço, e os preços dos serviços não aumentaram significativamente nesse período”, completa Pessoti.
Interior
Mas se Fortaleza cresceu 17%, teve município na Bahia que cresceu 127%, entre 2009 e 2010. Foi o caso de Itagibá, no Sul do estado. Por lá, foi a atividade mineral que alavancou a economia, segundo o economista. Ele também explica que a baixa produção de soja em Aurelino Leal, também no Sul, derrubou o PIB do município em 21,07%.
“Em se tratando de economias simples, qualquer alteração na agropecuária, por exemplo, puxa os outros setores para cima ou para baixo. Um depende do outro”, acrescenta o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Souza.
Apesar de perder espaço nacionalmente, Salvador lidera com folga dentro da Bahia, como ocorre com as capitais. No estado, a Região Metropolitana de Salvador (RMS) responde por 49% do total do PIB, que é de R$ 154,3 bilhões. E Salvador tem 48,6% do PIB da RMS, R$ 36,7 bilhões.
Em segundo lugar no estado vem Camaçari com R$ 13,4 bilhões, e em terceiro São Francisco do Conde, com R$ 9,8 bilhões. “São economias muito relacionadas a Salvador”, explica Pessoti.
No outro extremo, estão Gavião, Dom Macêdo Costa e Ibiquera, municípios pequenos, com populações pequenas, e que vivem, em sua maioria, da agricultura de subsistência e de programas de transferência de renda. “Em Gavião, 99% da receita é proveniente de transferências constitucionais, como o Bolsa Família. Só 1% é receita própria”.
Maior PIB per capita do país é de São Francisco do Conde
Pequenas cidades com grandes empreendimentos industriais, principalmente nas áreas de petróleo e energia, possuíam os maiores PIBs per capita do país em 2010. O mais elevado era o da cidade baiana de São Francisco do Conde (R$ 296,9 mil), que sedia a segunda maior refinaria do país, a Landulfo Alves.
Em seguida vinha Porto Real (RJ), onde está instalada uma montadora da PSA (convênio entre a Peugeot e a Citroën). Lá, o valor era de R$ 290,8 mil. Depois, vinham a paulista Louveira (R$ 239,9 mil), polo de distribuição, e da mineira Confins (R$ 239,7 mil), sede do maior aeroporto do estado.
O valor é resultado do PIB total, dividido pelo número de habitantes. Mas o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues de Souza, lembra que isso é só um cálculo. “Não quer dizer que a população acesse esse valor”, ressalta.
Em 2010, apenas seis cidades concentravam 25% do PIB
Apenas seis capitais do país concentram 25% do PIB, de acordo com a pesquisa, divulgada ontem pelo IBGE, referente a 2010. A lista é composta por São Paulo (participação de 11,8% no PIB), Rio de Janeiro (5%), Brasília (4%), Curitiba (1,4%), Belo Horizonte (1,4%) e Manaus (1,3%).
Juntas, essas cinco capitais possuem um peso menor na população (13,7%) do que na economia. A pesquisa do IBGE mostra ainda que metade da economia brasileira se concentra em um grupo de 54 municípios. Na outra extremidade, 1.325 cidades representavam apenas 1% do PIB do país.
Nessa faixa estavam 75% das cidades do Piauí, 61,4% das da Paraíba e 50,9% das do Rio Grande do Norte. Nas seis maiores economias municipais, o setor de destaque e de maior peso é o de serviços, exceto em Manaus, onde há um equilíbrio com a indústria.
Fonte:http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/salvador-perde-posto-de-maior-pib-per-capita-do-nordeste/