O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse nesta sexta-feira (20) que a entidade monetária “fará tudo o que precisar para subir a inflação o mais rápido possível”, caso em dezembro a entidade conclua que a trajetória da política monetária é insuficiente para conseguir seu objetivo.
Em um congresso de bancos europeus, Draghi acrescentou que o Conselho do BCE considera que o programa de compra da dívida é “um instrumento poderoso e flexível, já que pode ser ajustado em termos de tamanho, composição e duração para alcançar uma posição mais expansiva”.
O nível da taxa de juros de depósito, que remunera o dinheiro aos bancos e que está em -0,2%, “pode também fortalecer a transmissão do programa de compra de ativos, ao aumentar a velocidade de circulação das reservas bancárias”, segundo Draghi.
“Não podemos dizer com segurança que o processo de reparação econômica na zona do euro está acabado”, disse o presidente do BCE.
“Na reunião do conselho do governo de dezembro avaliaremos completamente a força e a persistência dos fatores que desaceleram a volta da inflação aos 2%”, disse Draghi.
A taxa de inflação da zona do euro se contraiu em setembro 0,1%, desde 0,1% positivo de agosto, por uma queda maior no preço da energia, enquanto o núcleo da inflação se manteve em 0,9%.
“Se concluirmos que o balanço de riscos para nosso objetivo de estabilidade de preços a médio prazo está sossegado em baixa, atuaremos utilizando todos os instrumentos disponíveis em nosso mandato”, afirmou Draghi.
O presidente do BCE advertiu que existem riscos, porque o crescimento global será este ano o mais fraco desde 2009, e a reativação da economia da zona do euro a mais frágil desde 1998.
“A recuperação continua sendo muito longa em uma perspectiva histórica”, segundo Draghi. Além disso, ele defendeu a efetividade das medidas de expansão monetária aplicadas até agora.
“As medidas de política monetária do BCE funcionaram claramente, são de fato provavelmente a força dominante que estimula a economia”, considerou Draghi.
Estas medidas foram “instrumentais para conter e reverter as pressões deflacionárias” que espreitaram ao euro há um ano.
Deflação é risco
A deflação é temida por dificultar a recuperação e o ajustamento das economias em crise. Por um lado, os agentes econômicos tendem a adiar despesas quando antecipam quedas de preços, prejudicando o consumo, o investimento e o comércio em geral. Por outro, os países endividados são prejudicados por inflação muito baixa, pois o aumento de preços garante uma redução do valor das dívidas em termos reais.
Na Zona do Euro, a inflação baixa é uma dor de cabeça para os países como Portugal, que precisam de ganhar competitividade, isto é, necessitam que os preços nos países com os quais mantêm relações comercias cresçam mais que os preços internos. Se a inflação for baixa na Zona do Euro, esse ajuste fica mais difícil.