Destaque Econômico
O primeiro a receber o prêmio foi o professor David Kupfer, da UFRJ. Em sua fala, destacou que esta é uma conquista dos mais de 80 professores e 35 funcionários da instituição, que recebe cerca de 1.100 alunos de graduação e pós-graduação. “O Instituto de Economia da UFRJ é a casa do desenvolvimento econômico no Brasil”, afirmou o professor.
Quem representou o Valor Econômico na entrega do prêmio foi a diretora de conteúdo digital Raquel Balarin. Ela lembrou que o jornal é jovem, tendo iniciado sua trajetória em 2000, e que a primeira capa impressa apontava para a carga tributária recorde no país – uma questão mais atual do que nunca. E falou sobre o momento da economia sem cair no pessimismo: “Mesmo com a projeção de queda de 2,5% do PIB, ainda temos esperança. O país possui instituições, democracia e justiça”.
O IPEA foi representado pelo economista Claudio Hamilton Matos dos Santos – por coincidência, graduado em 1993 na instituição que recebeu minutos antes o prêmio na categoria Academia. Santos apontou para o pioneirismo do IPEA em algumas discussões econômicas no país – entre elas, a ocupação do cerrado. “Temos nos concentrado na assessoria do estado brasileiro e contamos com parcerias com 18 ministérios”, afirmou o economista. “Mas também servimos à população, divulgando nossos estudos na forma de textos para discussão. Todos os que estão aqui presentes já leram pelo menos um texto do IPEA”.
Personalidade Econômica do Ano
O Prêmio Personalidade Econômica do Ano foi dado ao economista Eduardo Gianetti da Fonseca. Graduado em Economia (USP, 1978) e Ciências Sociais (USP, 1980), obteve o título de PhD em Economia pela Universidade de Cambridge. Foi professor em Cambridge (1984-1987) e na FEA-USP (1988-2000), sendo que atualmente leciona no Insper. Entre suas obras publicadas, duas delas receberam o prêmio Jabuti: Vícios Privados, Benefícios Públicos? (1993) e As partes & o Todo (1995). Além disso, Gianetti também foi premiado pela Ordem dos Economistas do Brasil com o prêmio Economista do Ano 2004.
“Vejo este prêmio como uma profecia. Espero algum dia estar à altura de recebê-lo”, afirmou o economista. Ao falar rapidamente sobre a conjuntura, comentou: “Sabemos da dificuldade do momento que a economia brasileira está vivendo, mas a vantagem de ter alguns anos a mais é saber que já passamos por coisas piores”. Ao finalizar sua fala, apontou para a educação como saída para os problemas do país, dizendo que “o futuro está na sala de aula”. E encerrou com a frase que marcou a campanha do economista Eduardo Campos, que disputava a presidência da república no ano passado e faleceu num acidente aéreo: “Não vamos desistir do Brasil”.
Homenagem a João Paulo de Almeida Magalhães
O evento contou, ainda, com uma emotiva homenagem ao economista João Paulo de Almeida Magalhães. Foi exibido um vídeo, no qual renomados economistas falavam sobre a trajetória do professor que possui mais de seis décadas dedicadas à ciência econômica. Coube ao economista Reinaldo Gonçalves fazer um breve discurso em homenagem a João Paulo.
“Eu fico até encabulado ao receber uma homenagem como esta”, afirmou Magalhães. Entre as características mais marcantes do seu pensamento encontra-se a diferenciação entre o crescimento clássico e o crescimento de países retardatários. “Hoje o governo tem o foco no combate à inflação, quando na verdade a principal preocupação deveria ser o crescimento econômico, mesmo que com alguma inflação”, destaca o economista.
(*) Jornalista do Cofecon
manoel.castanho@cofecon.org.br