Com estoques altos, consumo em queda e baixa confiança dos empresários, a produção industrial do país recuou 6,3% no primeiro semestre deste ano em comparação com os seis primeiros meses de 2014, disse o IBGE, ontem. A principal influência negativa veio da indústria de veículos automotores, reboques e carrocerias, que teve queda de 20,7% no período.
Ela faz parte do setor que produz bens duráveis (que também inclui eletrodomésticos), que teve uma queda total de 14,6%. A área sofre porque é sensível à taxa de juros e ao crédito, mas não está sozinha: todas as quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE tiveram queda na produção.
Dos ramos acompanhados, 24 dos 26 tiveram perdas, assim como 70,1% dos 805 produtos pesquisados, o que contribuiu para que esses fossem os piores seis primeiros meses do ano desde 2009 (-13%), quando o setor ainda sentia os efeitos da crise mundial.
A categoria de bens de capital – que produz máquinas – teve queda de 20%. Também tiveram impacto na queda da indústria os segmentos de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-27,8%), derivados de petróleo (-6,3%) e máquinas e equipamentos (-11,3%). Em junho, a produção industrial recuou 0,3% na comparação com maio.
Com o resultado, fica confirmada a tendência de retração após uma alta de 0,6% em maio frente a abril, puxada por fabricação de equipamentos de transporte e derivados de petróleo. Quando comparada a junho de 2014, a produção caiu 3,2%. Foi a 16ª queda consecutiva da produção industrial na comparação ao mesmo mês do ano anterior.
Apesar disso, o resultado veio um pouco melhor que o esperado. Os economistas consultados pela agência Bloomberg esperavam, em média, recuo de 0,7% em junho sobre maio. E queda de 5% frente a junho de 2014. No acumulado de 12 meses até junho, a produção caiu 5%, desacelerando em relação ao acumulado em maio (-5,3%) e interrompendo a trajetória iniciada em março de 2014.