A projeção do governo indica um aumento de 28,4% no deficit da Previdência Social neste ano, em relação com 2014, quando o rombo registrado foi de R$ 56,7 bilhões. Com a deterioração do mercado de trabalho e sucessivas derrotas do pacote de ajuste fiscal no Congresso, o governo preferiu rever os R$ 43,6 bilhões, calculados na versão original do Orçamento (feita no ano passado), reajustando para R$ 72,8 bilhões.
A diferença entre o previsto no Orçamento e o estimado agora é de 67% e teve como base as novas estimativas de receitas e despesas. Como percentual do PIB, o deficit sobe de 1% para 1,2%, maior patamar em seis anos. A piora das contas previdenciárias explica parte das dificuldades enfrentadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na tentativa de reequilibrar o caixa do governo.
Para reforçar a arrecadação do INSS em R$ 5,4 bilhões, foi proposta uma revisão drástica da política desoneração tributária das folhas de pagamento das empresas, uma das marcas do primeiro governo Dilma. O projeto, no entanto, sofre resistências dos próprios partidos que dão sustentação ao Palácio do Planalto no Congresso. Depois de atrasos e modificações, a expectativa de ganhos até dezembro se tornou remota.
O mesmo aconteceu com a medida provisória destinada a endurecer as regras para a concessão de pensão por morte e auxílio-doença, desfigurada com a ajuda decisiva do PT e do PMDB. A receita esperada no ano com a contribuição previdenciária foi reduzida em R$ 28 bilhões.
Uma das principais explicações é a projeção de queda de 2,9% da massa salarial (soma de todos os salários recebidos), descontada a inflação. Pelos cálculos oficiais, o INSS arrecadará o equivalente a 6,25% do PIB. Não se pode acusar a previsão de pessimista: em 2014, com o emprego em alta, foram 6,1%, recorde histórico.