O volume de vendas do comércio varejista na Bahia registrou queda de 7,0% no mês de fevereiro de 2015, em relação a igual mês do ano passado. Dentre as 27 Unidades Federativas que apresentaram resultado negativo, a Bahia ocupou a décima quinta posição em termos de magnitude para o Indicador do Volume de Vendas no país. A variação apresentada pelo estado seguiu a mesma tendência do varejo nacional que registrou, na mesma base de comparação, a taxa negativa de 3,1%. Na análise sazonal, o comércio varejista na Bahia variou positivamente em 1,1%. Os dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em âmbito nacional e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento (Seplan).
A queda no volume de negócios realizados na Bahia se repete pelo segundo mês consecutivo. O efeito base, associado às condições financeiras mais rígidas e frágil confiança empresarial e do consumidor pode justificar a retração verificada no setor. A primeira percepção decorre do fato de que em igual mês do ano passado, o setor registrou um crescimento de 15,8%, influenciado pelo comportamento do segmento de combustíveis e lubrificantes. Enquanto as demais se ratificam em razão dos dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) de que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 4,9% entre janeiro e fevereiro de 2015, ao passar de 89,8 para 85,4 pontos, sendo um recorde na série histórica iniciada em setembro de 2005 e ficando abaixo do mínimo registrado na crise internacional de 2008. Essa tendência também foi percebida, em fevereiro, no Índice de Confiança do Comércio (ICOM) da FGV, ao variar negativamente de 8,8% frente ao mês anterior (-1,5%), sendo o maior recuo mensal da série iniciada em março de 2010.
Assim, um cenário adverso, marcado pela combinação de fatores, tem contribuído para que a confiança recue de forma intensa e disseminada entre os segmentos que compõe o setor. Dentre eles, pode-se destacar a aceleração da inflação, manutenção de alta dos juros, perspectivas menos otimistas para o mercado de trabalho, além de aumento no risco de racionamento hídrico e energético, bem como a insatisfação com os níveis atuais de demanda, resultante do pessimismo por parte dos empresários quanto às perspectivas de vendas e lucratividade.
Em fevereiro de 2015, os dados do comércio varejista do estado da Bahia, quando comparados a fevereiro de 2014, revelam que dois dos oito ramos que compõem o Indicador do Volume de Vendas apresentaram resultados positivos. Listados pelo grau de magnitude das taxas em ordem decrescente, têm-se: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,2%%); e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,1%). Registraram comportamento negativo: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-3,8%); Móveis e eletrodomésticos (-10,7%); Combustíveis e lubrificantes (-14,7%); Tecidos, vestuário e calçados (-20,4%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-24,4%); e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-26,2%).
Em fevereiro, o segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,2%) foi responsável pela maior influência positiva na formação da taxa do varejo. Essa atividade, por englobar diversos segmentos como lojas de departamento, ótica, joalheria, artigos esportivos, brinquedos, etc, que comercializam produtos de menor valor agregado foi influenciada pela comemoração do Carnaval, período em que o Estado costuma receber muitos turistas.
Por outro lado, os desempenhos dos segmentos de Combustíveis e lubrificantes (-14,7%) e Móveis e eletrodomésticos (-10,7%) foram decisivos para arrefecer o ritmo de crescimento do comércio varejista na Bahia. O primeiro decorrente do comportamento de crescimento dos preços de combustíveis acima da média, além do efeito base, pois em igual mês do ano passado o segmento registrou crescimento de 26,4%. E o segundo a gradual retirada dos incentivos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) direcionados à linha branca, associado ao menor ritmo de crescimento do crédito.
A atividade de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento de maior peso para o Indicador de Volume de Vendas do Comércio Varejista, foi influenciada, segundo informações do IBGE, pelo menor ritmo de crescimento da renda. Entretanto, ainda apresentou algum fôlego em razão de comercializarem bens essenciais para o consumidor.
O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e mais as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, registrou em fevereiro decréscimo de 10,4% nas vendas. Nos últimos 12 meses a retração no volume de negócios foi de 1,4%.
O segmento de Veículos, motos, partes e peças voltou a registrar variação negativa (-18,4%), em relação a igual mês do ano anterior. O desempenho da atividade, em relação ao mesmo mês do ano anterior, continua refletindo o crédito mais seletivo por parte das financeiras, diante do nível de inadimplência. Outro aspecto a ressaltar é que a conjuntura desfavorável desestimula o consumidor a comprometer o orçamento por um período mais longo. Em relação ao segmento Material de Construção também se observa recuo nas vendas (-10,3%) no mês de fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano de 2014. Esse comportamento é resultado da menor disponibilidade de crédito, além da redução de lançamentos no mercado imobiliário residencial e comercial, e do menor número de dias úteis em fevereiro.